Em I Coríntios 12, 4-11, São Paulo escreve “Há diversidade de dons, mas um Só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos esses dons, repartindo a cada um como lhe apraz”.
Propósito dos Dons Espirituais
Estes dons, descritos por muitos como “Carismas ou Dons Carismáticos”, são dados pelo Espírito Santo para as pessoas para colocá-los a serviço, ou para edificar e construir, encorajar e confortar o corpo de Cristo (ver I Cor 14, 3-5). A palavra “dom” em Grego é “charismata”, significando “favor dado livremente para quem o Senhor escolher”. Não é algo que aquele que recebe mereceu. No Catecismo da Igreja Católica, Seção 799, a Igreja afirma: “Sejam extraordinários, sejam simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm uma utilidade eclesial, ordenados que são à edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo”. Os dons do Espírito manifestam a presença e poder de Deus em nosso meio. Jesus disse em Atos 1, 8: “ Mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo”. A palavra Grega para este tipo de poder é “dunamis”, que significa “dinamite”. O poder de Deus é certamente mais potente que todos os poderes deste mundo combinados, porque o poder de Deus é sobrenatural e inigualável em sua natureza. Quando o Senhor libera o Seu poder, é sempre para realizar Seu propósito e para estabelecer Seu Reino. Acredito que o Espírito Santo está procurando pessoas com quem Ele possa contar para levar adiante o Reino de Deus e alcançar seu objetivo, para Sua honra e glória.
Os Documentos do Concílio Vaticano II sob o Decreto do Apostolado dos Leigos, declara: “A partir do recebimento destes carismas, mesmo dos mais comuns, surge em cada fiel o direito e o dever de exercê-los na Igreja e no mundo para o bem e o desenvolvimento da Igreja, de exercê-los na liberdade do Espírito Santo que “sopra onde quer”. Em sua homilia da Missa de Encerramento do Dia Mundial da Juventude, em Sidnei, Austrália, em julho de 2008, o Papa Bento XVI declarou: “Mas, o que é este «poder» do Espírito Santo? É o poder da vida de Deus. É o poder do mesmo Espírito que pairou sobre as águas na alvorada da criação e que, na plenitude dos tempos, levantou Jesus da morte. É o poder que nos conduz, a nós e ao nosso mundo, para a vinda do Reino de Deus”.
Dom Profético
Considerando que o espaço neste Boletim é limitado, vou focalizar mais especificamente no dom da profecia. São Paulo diz: “Empenhai-vos em procurar a caridade. Aspirai igualmente aos dons espirituais, mas sobretudo ao de profecia” (I Cor. 14, 1). Em Atos 2, 17-18, lemos sobre Pedro na companhia dos Onze reiterando o que o profeta Joel havia profetizado: “Acontecerá nos últimos dias – é Deus quem fala – derramarei do meu Espírito sobre todo ser vivo; profetizarão os vossos filhos e filhas. Os vossos jovens terão visões, e os vossos anciãos sonharão. Sobre os meus servos e minhas servas derramarei naqueles dias do meu Espírito e profetizarão”. Profetizar significa falar ou cantar uma mensagem de Deus sob a unção ou direção do Espírito Santo. Colocado de forma simples, profetizar é ser o porta-voz de Deus. Entretanto, nem todos os que profetizam são profetas, mas todos os profetas devem profetizar. Alguns dos que são chamados pelo Senhor para o dom da profecia estão continuamente usando o dom da profecia e outros dons de revelação tais como a palavra de sabedoria, a palavra de conhecimento e o discernimento dos espíritos em suas vidas e ministérios. A profecia pode proclamar as coisas de Deus ou predizer as verdades de Deus. Uma profecia que proclama as coisas de Deus não se relaciona, necessariamente, às coisas do futuro. Um exemplo disto é quando Jesus, da Cruz, disse ao “bom ladrão”: “Em verdade, te digo: hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43). Por outro lado, “predizer” se relaciona às coisas ou circunstâncias que acontecerão no futuro. Uma ilustração disto é encontrada em Atos 11, 28: “Um deles, chamado Ágabo, levantou-se e deu a entender pelo Espírito que haveria uma grande fome pela terra. Esta, com efeito, veio no reinado de Cláudio”. Eu recebi, certa vez, este tipo de profecia predizendo sobre o futuro. Depois que minha esposa Chita e eu experimentamos o batismo no Espírito Santo, em 11 de novembro de 1984, começamos a rezar juntos. Em 8 de dezembro de 1984, enquanto estávamos rezando, minha esposa veio a mim e começou a profetizar: “Meu filho, não tenha medo. Meu nome é Jesus e estou falando contigo através de tua esposa. Vou usá-lo para curar milhões em meu Nome. Acredite, meu filho, que isto acontecerá e seja sempre humilde. Tu pregarás o Evangelho em Meu Nome. Muitos virão e pedirão por cura. Cure-os em meu Nome porque cura é boa nova. Tu viajarás para muito longe. Podes achar isto difícil de acreditar, mas lembra-te, para mim nada é impossível”. Logo em seguida, eu perguntei à minha esposa o que a levou a falar estas palavras para mim. Ela disse: “Eu apenas repeti o que eu ouvi o Senhor dizendo em meu ouvido interior”. Até esta data, já estive em 39 países, pregando e proclamando o Evangelho e curando os enfermos em Nome de Jesus, apesar de minhas muitas limitações. O Senhor abriu as portas para eu começar a viajar e servir internacionalmente no ano de 1991, exatamente sete anos depois de receber a profecia sobre o trabalho que o Senhor queria que eu fizesse para Ele e para o Seu Reino.
Uma profecia pode vir também através de alguém que fala “em línguas”. Em I Coríntios 14, 5, São Paulo diz: “Ora, desejo que todos faleis em línguas, porém muito mais desejo que profetizeis. Maior é quem profetiza do que quem fala em línguas. A não ser que este as interprete, para que a assembleia receba edificação”. Quando alguém fala em línguas em um Grupo de Oração, por exemplo, o dom da interpretação em línguas deve também operar para tornar a mensagem em línguas compreensível aos que a ouvem.
A pessoa que está falando em línguas pode dar a interpretação sob a inspiração do Espírito Santo, ou outra pessoa na congregação pode receber a moção de fazê-lo.
Deve ser observado que a interpretação não é necessariamente uma tradução da profecia proclamada em línguas.
Como ouvir a Voz de Deus
O Senhor quer nos falar e Ele está sempre falando conosco! No Livro de Gênesis, lemos estas palavras muitas vezes: “Então Deus disse...”. Em João 10, 27, Jesus diz: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me conhecem”. Jesus também diz: “Eu vos declaro, em verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram, ouvir o que ouvis e não ouviram”. (Mt 13, 17).
Nosso Deus deseja relacionar-se conosco. Jesus morreu na Cruz por nós não apenas para libertar-nos da escravidão do pecado e da morte, mas também para que tenhamos um relacionamento pessoal com Ele. O Senhor se alegra mais em falar conosco do que nós em ouvi-Lo. Na maior parte do tempo, o Senhor se comunica conosco através de uma voz interior que ouvimos dentro do nosso espírito. Uma pessoa pode percebê-Lo como uma impressão repentina, ou um “sentido” de algo que Deus está dizendo, ou através de um pensamento que passa por nossa mente. Se nos abrirmos, se abrirmos nossos corações, nossos sentidos e nossas mentes ao Senhor, e formos obedientes a Ele, nós certamente ouviremos Sua voz. O Senhor pode dar-nos uma impressão, ou uma visão, ou um pensamento. Ele também pode comunicar-se conosco através de sonhos, de passagens da Bíblia, de circunstâncias ou através de outras pessoas, e até através de Sua voz audível, o que é bastante raro. Ele é soberano e não tem limites. Algumas semanas atrás, tive a oportunidade de conduzir uma Missão de Paróquia em Sarasota, Florida. Enquanto eu estava pregando sobre “Arrependimento e Perdão”, o Senhor “falou” em meu coração de que havia uma pessoa na assembleia que tentou cometer suicídio e que o Senhor estava libertando de pensamentos de culpa e auto-condenação. Enquanto eu recebia essas palavras, havia uma convicção profunda em meu coração de que elas vieram do Senhor. Eu anunciei o que o Senhor havia dito e um homem chamado John veio até o altar com lágrimas em seus olhos para testemunhar tudo o que eu havia proclamado. Eu “senti” que John havia tentado suicídio não apenas uma vez, mas duas, e quando perguntei a ele sobre isso, ele confirmou. Naquele dia, ele recebeu uma cura emocional e espiritual e a certeza de que o Senhor, em Sua misericórdia e amor, não o havia condenado, mas o havia perdoado. Recentemente John disse-me que sua vida melhorou rapidamente desde aquele dia porque ele havia se aproximado mais do Senhor.
Discernimento dos Espíritos
Há quatro fontes de vozes que ouvimos no reino espiritual: a do Espírito Santo, a do espírito humano, a dos espíritos malignos e a dos Santos Anjos. Em I João 4, 1, a palavra de Deus diz: “Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito, mas examinai se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo”. Em I Tessalonicenses 5, 19-21, São Paulo diz: “Não extingais o Espírito . Não desprezeis as profecias. Examinai tudo: abraçai o que é bom”. Tanto o “doador” da profecia como aquele ou aquela que a recebe, ou aquele ou aquela que a ouvem, devem discernir as palavras. Um discernimento bastante cuidadoso e completo deve ser feito especialmente nos casos de profecias que orientam a fim de certificar-se de que elas realmente vêm de Deus e não de falsos profetas. Para discernir corretamente, precisamos da sabedoria e da assistência do Espírito Santo que “ensinar-nos-á toda a verdade”. Veja abaixo algumas diretrizes práticas para discernir uma profecia:
1. Deve edificar e confortar. Se uma profecia é negativa e condenatória, isto é um sinal claro de que a mesma não vem de Deus;
2. Deve produzir bons frutos. “Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Pelos seus frutos, os conhecereis”. (Mt 7, 19-20);
3. Deve estar fundamentada nas Escrituras. Jesus diz: “As palavras que vos tenho dito são espírito e vida”. (Jo 6, 63);
4. Deve estar de acordo com os ensinamentos do magistério da Igreja Católica. O magistério é a autoridade orientadora da Igreja;
5. Deve produzir paz. São Paulo diz: “porquanto Deus não é Deus de confusão, mas de paz (I Cor 14, 33);
6. Deve ser para a glória e honra de Deus; São Paulo declara: “Portanto, quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (I Cor 10, 31);
7. Deve fortalecer a fé tanto daquele que proclama a profecia como daquele ou daqueles que a ouvem. “Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo” (Rm 10, 17).
Conclusão
O dom da profecia, se adequadamente usado, tem o poder de mudar a vida das pessoas. Acredito que o Senhor nos escolheu e chamou, apesar de nós mesmos, para sermos Seus instrumentos. O mundo está esperando pelo poder do Espírito Santo que pode mudar vidas e dar vida. Você está disposto a dizer “Sim” ao Senhor e ser seu vaso para mudar o mundo ao nosso redor?
A palavra “dom” em Grego é “charismata”, significando “favor dado livremente para quem o Senhor escolher”. Não é algo que aquele que recebe mereceu”.
“Tanto o “doador” da profecia como aquele ou aquela que a recebe, ou aquele ou aquela que a ouvem, devem discernir as palavras. Um discernimento bastante cuidadoso e completo deve ser feito especialmente nos casos de profecias que orientam a fim de certificar-se de que elas realmente vêm de Deus e não de falsos profetas”.
(Por Robert Canton)
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