Como milagre que é, a cura que nos ocupa é também sinal de que o Reino de Deus chegou ao mundo dos homens por meio de Cristo e de que o Reino de Deus está operando já a vitória do bem sobre o mal. A lição fundamental que do fato se depreende é que os exorcismos de Jesus libertam o homem do medo do poder do diabo e da submissão ao mesmo. Os demônios ficam submetidos instantaneamente com uma só palavra de Jesus, porque o poder de Deus vence qualquer outro poder. E nele deve confiar o cristão.
No texto evangélico os demônios protestam porque Jesus os ataca antes do tempo: “Que queres de nós, Filho de Deus? Viestes atormentar-nos antes do tempo?”. Segundo a escatologia judaica, no final dos tempos, Deus ataria e castigaria os demônios que andam soltos pelo mundo fazendo mal aos humanos. Essa hora chegou com Jesus. Os demônios reconhecem que a duração da sua obra maléfica tem um limite imposto por Deus. Com o Seu poder sobre os demônios Jesus aniquila o poder de satanás e inaugura o Reino messiânico. O diabo sabe disso, mas os homens parecem não compreender essa realidade. Embora a manifestação definitiva de tal vitória de Cristo tenha lugar na escatologia consumada final, chegou já a hora em que é vencido por completo “o príncipe deste mundo” e “o poder das trevas”, como afirmou Cristo nas vésperas da Sua paixão e morte.
O porco, o animal mais impuro de todos segundo os judeus, era o lugar adequado para os demônios expulsos por Jesus. Mas até os porcos o rejeitam. Já não há lugar para os demônios num mundo em que entrou o poder salvífico de Deus.
O demônio é a personificação do poder inimigo de Deus, que se opõe a salvação do homem, impedindo-o de avançar pelo caminho do bem e separando-o do Senhor. Libertar-se da influência do maligno é o triunfo da salvação, graças ao favor do Todo-poderoso, que é o mais forte. Tal poder apareceu visivelmente em Jesus de Nazaré e atua eficazmente na Sua Pessoa, na Sua Palavra, na Sua Morte e na Sua Ressurreição.
Proclamá-lo, como ordenava Jesus ao doente curado, faz parte da mensagem evangélica de libertação. A comunidade cristã e cada cristão pessoalmente devem mostrar na sua vida e conduta que, pela comunhão com Cristo e com a graça do Alto, venceram o maligno em todas as suas manifestações do mal e do pecado: ódio e mentira, injustiça e opressão, ambição e egoísmo, luxúria e soberba.
(Padre Pacheco, Comunidade Canção Nova)
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