Quando um músico está cheio de si mesmo, achando-se o "máximo", é porque não tem mais conteúdo. Quando a pessoa vai perdendo a unção, perde a técnica também. De modo que há uma íntima relação entre unção e técnica. O que faz o músico treinar e repetir muitas vezes é a iluminação espiritual, esse dever ser o motivo.
Viktor Frankl, psicólogo judeu logoterapeuta, que viveu num campo de concentração nazista, afirma que "quem tem um porquê, enfrenta qualquer como". Esta é a grande e a verdadeira inspiração da música.
O processo da canção teria de ser este para todo músico: primeiro, concebe-se a música a partir de uma ideia, imagem, pessoa, texto bíblico ou acontecimento, ou seja, primeiro o silêncio. A Bíblia mostra isso com muita clareza, pois diz que antes de Deus dizer: "Faça-se a luz", houve o silêncio. Foi ele [o silêncio] quem gestou essa ordem criadora de Deus.
A música, primeiro, tem de ser em silêncio. Não acredite em músico que não faça silêncio, que entra no carro e já tem de ligar o som. Este não é um bom músico. O bom músico precisa assimilar, no inconsciente, aquilo que fica gravado no mais íntimo de seu ser e ir se alimentando disso pouco a pouco.
Todo tipo de treinamento é difícil. Seja este treinamento musical, de um idioma, ou mesmo físico, como numa academia por exemplo. Quando a pessoa perde a iluminação interior, a sua inspiração - força divina que brota dentro dela -, então não terá mais disposição para ficar ensaiando, porque aí entrou a "síndrome do palco" e a "síndrome do aplauso". Há músicos que não tocam se não houver público para aplaudi-los; ou que gostariam muito de fazer um solo maravilhoso durante a celebração da Santa Missa, no momento da consagração, somente para que as pessoas se levantassem e os aplaudissem.
Cuidado com os aplausos, pois eles tiram a honestidade e a sinceridade deste momento tão sublime.
(Gil Duarte Comunidade Canção Nova)
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