Entrevista com Dom Dominique Rey, bispo de Fréjus-Toulon (França)
Por Gisèle Plantec
ROMA, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) - De 20 a 24 junho, será realizado em Roma o Congresso Internacional sobre a Adoração Eucarística, iniciado por Dom Dominique Rey, bispo de Fréjus-Toulon, com a participação, entre outros, de seis cardeais.
ZENIT: A Igreja está se mobilizando intensamente para preparar o Congresso Internacional sobre a Adoração Eucarística. Qual é a importância e as expectativas com relação a este congresso?
Dom Rey: Este congresso se situa perfeitamente nos esforços do Papa Bento XVI, seguindo João Paulo II, por promover uma nova conscientização sobre a urgência missionária enfrentada hoje, mais do que nunca, pela Igreja. O tema do congresso, "Da adoração à evangelização", enfatiza que este novo impulso missionário deve estar enraizado na vida eclesial e eucarística. A primeira condição da evangelização é a adoração. Infelizmente, algumas propostas missionárias são apresentadas hoje mais como marketing e promoção comercial que como um testemunho de fé. Existe o risco de perversão do método de evangelização. É a primeira vez que, em Roma, temos um encontro sobre este tema. A participação de muitos cardeais, bispos, de testemunhas que são protagonistas no campo da evangelização e de adoradores sublinha o grande interesse suscitado pelo tema. Este evento pretende dar uma alma e uma espiritualidade à nova evangelização, tão necessárias para a renovação da Igreja e a propagação da mensagem do Evangelho que ela transmite.
ZENIT: Por que a adoração é importante? Para o senhor, quem está chamado à adoração?
Dom Rey: A adoração eucarística se enquadra na prolongação da Celebração Eucarística. O crente acolhe a oferenda de Cristo, que se entrega ao Pai pela salvação de todos. Adorar o Santíssimo Sacramento é entrar na contemplação de Jesus Hóstia. É aceitar, ao mesmo tempo, como diz o apóstolo Paulo, oferecer a nossa própria vida em sacrifício para participar da salvação de Cristo. Adorar é um gesto de reconhecimento, ao contemplar até que ponto Cristo nos ama, ao tornar-se alimento; e também é um gesto pessoal, para que possamos ser capazes de entrar n'Ele e por Ele nesta obra de salvação.
Cada cristão é chamado, em virtude da sua consagração batismal, a tornar-se um adorador em espírito e em verdade. Lembro-me das palavras da filósofa Simone Weil, que dizia depois da sua conversão: "Finalmente, encontrei alguém diante de quem posso me ajoelhar". No Apocalipse, descobrimos que a glória celestial consistirá em júbilo e adoração. Se eu começar a adoração hoje, estou me preparando para entrar na plenitude da minha condição filial, quando contemplarei o rosto de Deus. Todo homem foi criado para adorar, ou seja, para reconhecer o senhorio de Cristo e, neste gesto de entrega de si mesmo que a adoração envolve, ele se oferece total e definitivamente a Cristo.
ZENIT: A quem se dirige este congresso? Especificamente, o que este congresso propõe?
Dom Rey: Este congresso se dirige a todos aqueles que na Igreja já são conscientes da importância da adoração eucarística, e mais em geral a todos os pastores, consagrados e leigos que queiram aprofundar no sentido da Eucaristia, em sua dimensão litúrgica, de sacrifício, social, e no vínculo que existe entre adoração e celebração. Os dias serão marcados pela Celebração Eucarística, que será celebrada segundo a forma ordinária e extraordinária, bem como pelos demais ofícios litúrgicos. Haverá momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento. As principais conferências serão dadas no período da manhã. Estão previstos também momentos de partilha, que tratarão de temas mais específicos. O congresso terminará com a participação na procissão eucarística da solenidade de Corpus Christi, presidida pelo Papa Bento XVI.
ZENIT: A adoração eucarística tem um papel na sua vocação ou no seu ministério como sacerdote e bispo?
Dom Rey: Descobri mais intensamente a adoração eucarística quando fui reitor do santuário de Paray le Monial. Sendo membro da Comunidade Emanuel, ao lado do seu fundador, Pierre Goursat, que era um fervoroso adorador do Santíssimo Sacramento, experimentei até que ponto esta oração era a força da minha vida espiritual e sacerdotal. Toda fecundidade cristã é sacrificial. Encontra sua fonte no gesto que Cristo cumpre na sua Páscoa e que a Eucaristia atualiza em cada celebração.
A adoração eucarística faz que fixemos nosso olhar nesse gesto de amor infinito, que a Igreja não deixa de retomar em cada Missa. Eu constatei muitos benefícios espirituais e missionários da adoração eucarística, no âmbito das várias responsabilidades ministeriais que assumi. Por esta razão, tomei a iniciativa de apresentar este projeto ao cardeal Antonio Cañizares Llovera, prefeito da Congregação para o Culto Divino, e pedi aos Missionários da Santíssima Eucaristia que assumissem sua organização.
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