O Sangue de Cristo

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Quero falar ao seu coração através de uma passagem do Apocalipse e lembrá-lo que Jesus é vitorioso, é o Senhor!

Ele vai trazer o manto embebido em sangue. Que Sangue é esse? É o sangue da sua Paixão, é o sangue das chagas de suas mãos, dos seus pés, do seu coração. É o sangue derramado no Horto das Oliveiras, que nós tomamos sobre o altar; é o Sangue do momento da elevação. Quando eu ergo o Corpo de Deus no altar, o cálice do seu Sangue, esse Sangue corre pelos meus braços, chegando e banhando vocês no momento da Consagração no sacrifício da Santa Missa.

Eu tive uma experiência muito profunda em uma das Santas Missas que celebrei em meu retiro quaresmal que gostaria de compartilhar com vocês. Ao todo celebrei setenta e oito Missas, e em uma delas, numa Passio Domine (celebração onde se revive as últimas horas da Paixão do Senhor realizada todas as quintas e sextas-feiras) de uma quinta-feira, eu ergui bem alto o cálice do Sangue de Jesus, até onde meus braços podiam chegar. Eu chorava, as lágrimas escorriam dos meus olhos, eu segurava meus braços, e chorava.

Aquela Quinta-feira tinha sido um dia de muito cansaço para mim, de muita luta espiritual, de muitas coisas pelas quais a gente passa em um retiro, mas ali, graças a Deus, eu fui fiel, eu fiquei com o cálice bem erguido…. aquele silêncio…. e a visão que me foi dada foi linda: o Sangue escorria pelos meus braços, descia e chegava até a vocês.

Passava por debaixo das portas, entrava, e conforme o Sangue de Jesus invadia tantas casas, penetrava também no coração de pessoas pelas quais eu rezava.

Naquele momento, o Sangue de Jesus ia entrando e as serpentes iam saindo. Conforme o Sangue de Jesus entrava, as serpentes saíam. Saíam das casas, saíam das almas, dos corações, saíam das mentes, e eu, ali, chorava e as lágrimas quentes iam descendo pelo meu rosto, enquanto eu adorava o Sangue de Jesus.

Diante de tudo isso, o terror dos infernos! O demônio me dizia: “Abaixa este Cálice, abaixa esta coisa, abaixa isso, desce esse Cálice. Não! Não faça isso! Desce esse Cálice! Não erga mais, abaixa esse Cálice, desce esse Cálice!”

E, quanto mais eu chorava mais meus braços pesavam, mais eu erguia, erguia, e adorava o Sangue do Senhor, e o Sangue de Jesus ia entrando na vida de todos ali presentes, salvando-os, mas, não só eles, e sim todas as pessoas que naquele momento vinham ao meu coração. Eu via almas de pessoas que haviam se suicidado, se perdendo, e o Sangue do Senhor entrando e salvando, resgatando, retirando-as do mais profundo dos abismos e trazendo-as ali bem perto do altar, para serem lavadas, santificadas e purificadas.

Quando ajoelhado no momento em que eu ia beber o Preciosíssimo Sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo, fiz o sinal da cruz com o Cálice em direção aos meus lábios e eu vi a gota do sangue entrando, eu vi até o coração com aqueles dois tubos, e o Sangue entrava diretamente por eles e o meu peito queimava, e o Senhor falava: “Aperta o cálice, aperta, segura firme, fica com ele assim, segura”.

Dessa Missa em diante, aprendi a segurar o cálice com as duas mãos e espremê-lo, significando: “Cai, cai, Sangue de Cristo, no meu coração, entra, entra. Cai, Sangue de Cristo, não só no meu coração, mas na Igreja, o Sangue da Paixão de Jesus.

Vocês que bebem do Sangue de Jesus Cristo, no sacrifício da Santa Missa, terão os lábios tingidos pelo Sangue de Cristo.

Cristãos, atentem para o que eu digo agora: “O Sangue de Cristo cai dentro do seu coração, diretamente do seu coração”. Ele entra e vai diretamente ao seu coração, é nele que o Sangue de Jesus cai quando você o recebe, dentro do seu coração. Guardem bem: O seu coração é um cálice, é ele que recebe o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sua alma vive e bebe do seu coração com Jesus Cristo.

A sua alma cristã, a sua alma que quer viver a Paixão de Cristo, ela tem um cálice, um sacrário do Sangue de Cristo, dentro do seu coração, dentro da sua alma, para que você possa viver, nutrir-se vencer as dificuldades, vencer as provações. Para que você possa dizer: “Jesus, Tu és o meu Senhor! Tu és o meu Senhor, eu não vou voltar atrás, eu não vou viver a minha nudez, eu não vou ser como Pedro e seguir-te de longe, ao contrário, eu vou ficar com o Senhor! Ficar, e ficar até o fim, Senhor. Que a gota do teu Sangue caia diretamente no meu coração e me guarde”.

Essa experiência faz parte também do momento da Santa Missa. O padre faz uso de gestos mais profundos quando da Santa Missa. Gestos que enobrecem e forma a identidade sacerdotal de cada um. Como os Padres tem de ter a sua identidade sacerdotal, toda pessoa também tem de guardar a sua identidade, que deve ser formada pelo Sangue de Cristo. Guardem isto: nós temos que ser formados pelo Sangue de Cristo! Não pela faculdade, não pela filosofia, nem pela teologia. É o Sangue de Cristo que forma os seus Sacerdotes, os seus Consagrados e Consagradas.

São Cirilo, o grande Bispo de Jerusalém, já no século II, dizia: “Ao tomares o Sangue de Cristo primeiro santifica com seus olhos, toca com seus lábios e, depois que você tomou, toca com o dedo em seus lábios e faça o sinal da cruz na sua fronte, nos lábios e no coração”. Muito lindo isso que São Cirilo disse. Ele é o grande homem das catequeses mistagógicas, o que significa que ele pregava o Mistério de Cristo e que não era um pregador de catequese comum, pois ele era estudioso da Mistagogia, ou seja, pregava o Mistério contido no Mistério. Ele ensinava a tomar o Sangue de Cristo: “Quando ele chegar em seus lábios beba e não se deixa enganar pelos sentidos, ou seja, tem gosto e cheiro de vinho mas não é mais vinho, é o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não deixe se enganar pelos sentidos, acabaram-se os sentidos, então toma, aperte em seu peito, faça profunda ação de graças e depois toque com o dedo em seus lábios e faça o sinal da cruz, na sua fronte, nos seus lábios e no coração, e santifica os seus sentidos, santifica a sua vida pelo Sangue de Cristo que você recebeu”.

Fico muito feliz, mas choro. Foram muitas lágrimas derramadas naqueles quarenta dias, não só de alegria, mas de dor, de sacrifício, porque é assim o caminho de Jesus, não tem outro caminho, não adianta. Ou você quer ficar nú e fugir? Então vá! Ou você quer seguir Jesus de longe, como Pedro? Então siga!

Eu me alegro porque, pela graça de Deus em meus retiros, eu de repente me deparo, ao ler um livro ou uma instrução, que muitos Santos Padres confirmam aquilo que eu vivi. Isso me deixa muito feliz pois não é algo que eu criei. É uma experiência pessoal minha também! Ela é muito especial para quem a recebe e eu tenho que passá-la a vocês.

(Adoremos a Paixão de Nosso Grande Deus e Senhor Jesus Cristo, Nossa Salvação, 
Pe Roberto Lettieri, ed. Palavra e Prece)

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