Papa Bento XVI Não Aprovou a Pílula do Dia Seguinte

Logo depois da difusão de uma nota da agência EFE na qual se destaca que o Papa Bento XVI tinha aprovado a pílula do dia seguinte na Ale-manha, o secretário do Santo Padre, o Arcebispo Georg Ganswein, negou taxativa-mente esta informação e pre-cisou que nem ele nem o Pon-tífice deram consentimento para o uso do fármaco que é potencialmente abortivo. 
Na terça-feira 12 de fevereiro a agência de notícias EFE escreveu um artigo intitulado "Bento XVI autorizou o uso de ´pílula do dia seguinte´ na Alemanha" no qual afirma que o Papa havia autorizado "nos hospitais católicos alemães o uso da pílula anticoncepcional de urgência, conhecida como ‘pílula do dia seguinte’, em mulheres vítimas de estupro, devido ao escândalo em torno ao caso de uma jovem que não foi atendida em duas clí-nicas de Colônia após sofrer abusos sexuais". 
A nota indicava que a infor-mação foi divulgada pelo “Ar-cebispo de Colônia, o Cardeal Joachim Meissner, em decla-rações ao jornal Kölner Stadt Anzeiger, nas que comenta que sua recente decisão de autorizar o uso desse anticon-cepcional foi consensuado com a Congregação para a Defesa da Fé e a Academia Papal". 
A nota de EFE apresentava ademais o seguinte diálogo entre o Cardeal e Dom Georg Gänswein. "Ele me disse: ‘o papa sabe. Tudo está em or-dem’, afirma Meisner, consi-derado um religioso conser-vador, que no dia 31 de janei-ro anunciou inesperadamente que a Igreja Católica autoriza-va o uso da ‘pílula do dia se-guinte". 
Por sua parte, o professor Manfred Spieker, amigo do Papa, do Cardeal Meisner e membro do Pontifício Conse-lho Justiça e Paz, informou que no dia 14 de fevereiro às 11:06 p.m. recebeu um cor-reio eletrônico de Dom Gans-wein no qual o secretário do Pontífice nega categoricamen-te que o diálogo ao qual se refere a agência EFE tenha ocorrido. 
Nesse correio eletrônico Mons. Ganswein nega ainda que "tenha existido uma cha-mada Telefônica entre o Car-deal Meisner e o Papa ou ele mesmo, nem uma aprovação escrita ou oral" da pílula do dia seguinte. O secretário do Papa reco-nhece que "a declaração (do Cardeal Meisner) é problemá-tica e que será necessário esclarecer a situação em Ro-ma". 
Spieker explica que tampouco é certo que a Pontifícia Aca-demia para a Vida (que EFE chama erroneamente "Aca-demia Papal") ou que a Con-gregação para a Doutrina da Fé (que EFE denomina "Con-gregação para a Defesa da Fé") tenham aprovado a de-claração do Cardeal Meisner. 
Dois dias antes, em 12 de fevereiro, a arquidiocese de Colônia emitiu um comunica-do destacando que o Papa não viu nem aprovou a decla-ração do Cardeal Meisner sobre a pílula do dia seguinte. 
Em 31 de janeiro o Arcebispo de Colônia, Cardeal Joachim Meisner, disse em uma decla-ração que "se um remédio que evite a concepção for usado logo depois de um es-tupro com o propósito de evi-tar a fertilização, isso em mi-nha opinião é aceitável". Esta opinião foi oferecida pelo Cardeal logo depois de reunir-se com um grupo de peritos médicos com quem conversou sobre a pílula do dia seguinte. Os doutores lhe disseram que o fármaco não possui efeitos antiimplantatórios, quer dizer, abortivos. A respeito do tema, o doutor espanhol e presidente da Fe-deração Internacional de As-sociações de Médicos Católi-cos (FIAMC), José Maria Si-món Castellí, disse ao grupo ACI que "parece que as pala-vras do Cardeal foram mani-puladas". 
"Em todo caso, a pílula do dia seguinte possui um efeito anti-implantatório (que impede a implantação do embrião no útero materno) em 70 por cen-to dos casos nos quais a mu-lher é fértil", explicou o médi-co que é também membro do Pontifício Conselho para os Agentes da Pastoral da Saú-de. 
Fontes da Pontifícia Academia para a Vida indicaram ao gru-po ACI que neste tema, eles apenas têm competência no âmbito bioético e sugeriram consultar no Pontifício Conse-lho para os Agentes de Pasto-ral da Saúde, onde assinala-ram que se fará a consulta respectiva para dar uma res-posta em breve. 
Da Alemanha, Sophia Kuby, líder pro-vida e diretora da organização European Dignity Watch, comentou ao grupo ACI que "a discussão sobre a declaração do Cardeal Meis-ner sobre a administração da pílula do dia seguinte em caso de estupro criou confusão além das fronteiras alemãs". 
"Entretanto, não é em ne-nhum caso uma legitimação da pílula do dia seguinte por parte da Igreja Católica como foi interpretado amplamente". 
Kuby recordou que o Cardeal Meisner "disse que, em caso de estupro, uma pílula do dia seguinte se pode prescrever em hospitais católicos somen-te se esta tiver efeito anticon-cepcional (prevenir a ovula-ção) e não um efeito abortivo. Da perspectiva teológica mo-ral, a declaração está em li-nha com o ensinamento cató-lico. Entretanto a declaração é equivocada quanto aos fatos e carece de evidência científi-ca". A diretora do European Dig-nity Watch precisou que "não existe uma pílula que somente impeça a ovulação. A pílula do dia seguinte de última ge-ração pode ter, como efeitos, o efeito anticoncepcional co-mo prevenção da ovulação, a difusão do sêmen ou a fertili-zação. Entretanto, nunca se pode excluir o efeito abortivo". 
Portanto, conclui Sphia Kuby, "todas as pílulas do dia se-guinte disponíveis no marcado são potencialmente abortivas, o quer dizer que elas podem eliminar o óvulo fecundado, que é o primeiro estágio do embrião humano". Kuby também explicou que os bispos alemães estão reuni-dos em sua assembleia plená-ria e que estão debatendo este tema para chegar a uma posição comum. 
Consultado pelo grupo ACI, o pesquisador, Dr. Germán Al-varado, PhD em Epidemiolo-gia pela Michigan State Uni-vesity e Professor em Saúde Pública da Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica), assina-lou que "é necessário escla-recer – à luz da informação médica atualizada – que não é ético prescrever (a pílula do dia seguinte), devido ao po-tencial efeito abortivo que tem, especialmente se a ovu-lação já ocorreu". 
"É importante sublinhar que os poucos estudos que foram publicados nos últimos anos (sobre o mecanismo de ação da pílula do dia seguinte) e que não encontram efeito anti-inflamatório, têm sérios pro-blemas metodológicos, assim como financiamento de institu-ições que favorecem o abor-to". 
Alvarado disse ainda que nos casos de estupro os hospitais católicos devem ter "um pro-tocolo que ajude a vitima de maneira integral, com muita compaixão, e que inclua todos os procedimentos diagnósti-cos e terapêuticos necessá-rios, respeitando sempre a vida". 
A pílula do dia seguinte (Le-vonorgestrel 0.75 mg), tam-bém conhecida como anticon-cepção oral de emergência ou AOE, é um hormônio sintético em dose 5 a 15 vezes maior à existente nos anticoncepcio-nais comuns, incrementando os efeitos secundários. Não é medicamento nem um vacina. Não cura nem previne contra enfermidade alguma. Ao ingerir as duas pastilhas recomendadas é como se a mulher tomasse 50 pastilhas anticoncepcionais juntas. Tem três mecanismos: impe-de a ovulação (anovulatório), espessa a mucosidade cervi-cal (anticoncepcional) e impe-de a nidação do óvulo fecun-dado (o que é um efeito abor-tivo). Estes mecanismos são informados pela Food and Drug Administration (FDA), o organismo governamental que garante a salubridade dos mantimentos e os remédios nos Estados Unidos. 

(Fonte: REDAÇÃO CENTRAL, 19 Fev. 13 (ACI/EWTN Noticias))

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